Jackson Pollock in action
“E um gesto é um plano com direção espacial e temporal, de que o signo pictórico é relatório. Podemos, reversivelmente, percorrer o signo em todas as direções, mas o signo é o campo de direções possíveis que o gesto – inrreversível desde que esboçado – nos impôs, através do qual o gesto original nos orienta na busca do gesto perdido, busca que termina ao reencontrar-se o gesto, e, nele, a intenção comunicativa”. p.174
Houve longa meditação até chegar àquele gesto. De certa forma, mesmo os (raros) autores que não meditam previamente, ou com intenção, no gesto que melhor expressa o que sente e quer dizer, mesmo estes gestos que parecem surgir “de um breve momento de inspiração e violência”, expressam um estado de espírito, um “estar no mundo” naquele momento, e até um pouco da concepção do autor sobre sua própria arte (o que pretende com ela), e portanto, sobre si mesmo, sobre sua condição ao menos temporária, naquele momento, como ser humano dentro de determinado contexto.
“Um exemplo desta confusão nos é dado pela pintura de Jackson Pollock. Perguntamo-nos: como é possível que o pintor faça pingar gostas de tinta sobre uma tela (posta no chão), desenhando e compondo assim um quadro? Mas o gesto desenhado não é menos deliberado e intencional, quer o pincel toque ou não a tela; digamos que Pollock executou o gesto no ar, acima da tela, e que a tinta que pinga do pincel siga seu gesto.” p. 174