“Diálogos em Casablanca têm muito texto subentendido. Quando Rick, na mesa com Laszlo, Renault e Ilsa, surpreende a todos mencionando alguns detalhes específicos em relação à última vez que eles se encontraram (“Era o ´La Belle Aurore.´ Os alemães vestiam cinza, você se vestia de azul”). Aqui o texto subentendido está dizendo: “É como se fosse ontem para mim”. Quando ele se queixa a Sam, dizendo: “De todos os bares do mundo, ela entra no meu”, significando “Eu ainda a amo”. Quando Ilsa pergunta a ele: “Mas e nós?”, Rick responde: “Sempre teremos Paris”, o subtexto é “Temos de dizer adeus mas eu nunca vou esquecê-la”.
Tente fazer o oposto, tente substituir as linhas com a minha “transcrição”. Você percebe o quanto elas perdem? Ninguém nunca se lembraria delas”.
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Esse trecho da segunda aula do curso de roteiro do Cineuropa me fez correr para assistir a Casablanca (1942), um filme pelo qual eu nunca me interessei, apesar dele ser um famoso clássico.
Mas nessa segunda aula, o professor destaca que os diálogos são a oportunidade do roteirista desenvolver seu talento literário, e que as falas deveriam ser trabalhadas de forma a não tornar o tema da cena explícito. Ou seja, as “entrelinhas” são o que tornam um filme inesquecível.
Realmente, quando somos levados a pensar mais um pouco para entender o que o personagem quer dizer, nossa imaginação ganha espaço para entrar em atividade, e o filme passa a prender mais a atenção.
Casablanca se passa quase todo dentro de um bar, mas não é monótono (!). Foi dirigido por Michael Curtiz, e tem roteiro baseado em peça teatral de Murray Burnett e Joan Alison, adaptado por Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch e Casey Robinson.
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